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Preciso realmente de um projeto paisagístico?

Muitas pessoas desejam ter um jardim dos seus sonhos, mas não sabem por onde começar. O mercado oferece poucas formas de solucionar a questão. Então qual caminho se deve realmente percorrer para ser bem-sucedido nessa tarefa?



Cada vez mais, o stress está presente no cotidiano das pessoas. A nova configuração mundial exige indivíduos altamente conectados e dinâmicos. O frenesi diário em busca da sobrevivência nos grandes centros, faz com que cada vez mais as pessoas se afastem da sua essência. No objetivo de amenizar toda essa carga de cobranças e obrigações, o contato com jardins e áreas verdes nos permite equilibrar nossa energia e nossos pensamentos. A vontade de se reconectar com a natureza é que nos faz desejá-los cada vez mais.


A maioria das pessoas tem uma visão equivocada do que seja paisagismo. Muitas delas pensam que paisagismo é colocar plantinha para o ambiente ficar bonito, quando na verdade paisagismo é criar espaços para as pessoas, utilizando o sistema construtivo que também podem ser as plantas. Pois é, paisagismo é interferir na paisagem, e muitas vezes ele ocorre sem vegetação, mas isso é um tópico que deixarei para abordar em um outro dia e momento mais direcionado a este tema.


Pois bem, no mercado existem aqueles que vão querer entender o quanto você está disponível para gastar e vão idealizar um jardim sem projetar. O objetivo é apenas fazer aquela venda e não entender realmente o que cliente precisa. Já a arte de projetar, permite um processo de troca entre o projetista e o cliente para se chegar no ideal para aquele espaço, isso envolve tentar atender diversos fatores, como preço, prazo, beleza, volume, portes, expectativa, etc.. Quando não se projeta todos esses efeitos só podem ser questionados após conclusão do jardim, e ai a remediação, caso não se atenda o fim pretendido pode ser irreparável.


Projetar é o caminho para se testar e se entender onde os gostos convergem, onde o profissional pode demonstrar que entendeu as expectativas do cliente e poder apresentar uma proposta que lhe atenda. Afinal de contas, salvo mostras de paisagismo como a Casa Cor, entre outras, o paisagista sempre deve projetar para atender uma pessoa que se chama “cliente”.


Em geral as pessoas dão pouca importância a projetos paisagísticos, achando que são desnecessários, contudo não se trata somente de entregar um jardim mais próximo do que o cliente deseja, ou quem sabe até mesmo surpreendê-lo com algo inusitado e que ele mesmo não sabia ser interessante para ele, mas também, projetar algo que promova uma real redução de custos de implantação e também de manutenção, pois o jardim não pode ser pensado somente no momento que se entrega. Ele é vivo e irá se desenvolver, as plantas irão aumentar cada vez mais sua massa verde e com o passar do tempo tudo tende a entropia, então pensar no manejo para reduzir custos de manutenção e recursos como a água é extremamente importante.


Assim, se você quer fazer a coisa da forma certa, é importante saber que em geral um projeto paisagístico se divide em três etapas básicas, o estudo preliminar, onde o paisagista recebe ou realiza um cadastro do local, coleta informações edafoclimáticas (solo + clima) que são informações importantes para projetar. O paisagista também precisa realiza uma entrevista preliminar com as pessoas que vão utilizar o ambiente para entender quais são suas expectativas, o que lhes agrada, o que lhes incomoda. Se haverá presença de animais domésticos e ou crianças, se o local será frequentado por idosos, etc...


Em seguida o Paisagista deverá apresentar um anteprojeto, fase em que se apresenta croquis preliminares para uma melhor concepção do projeto, além das espécies que se pretende utilizar, bem como os volumes e efeitos que se pretende com cada uma. Lembre-se tudo tem que ter um motivo de estar no projeto. Uma dica para se avaliar um bom projeto é perguntando o porque de uma determinada planta estar em um referido local, se a resposta for: Porque ela é bonitinha! Tenha certeza que a escolha não foi a melhor. Quando projetamos, devemos pensar em corrigir imperfeições da estrutura, valorizar pontos fortes do arquitetônico, criar “tetos” e alargar ou estreitar espaços, tudo isso com o auxilio da vegetação. Sempre devemos estar atentos nas sensações positivas que queremos passar, ampliar repertório de cores, texturas e aromas, então para isso, tudo tem que ter um motivo de estar ali no projeto, e não somente porque é bonitinho.


Por fim, o projeto de execução é uma fase final mais detalhada, com todas as alterações necessárias e informações importantes para a execução da obra. Nele deve conter dados para qualquer pessoa que saiba ler projeto executar sem quem projetou esteja ao seu lado. Lógico que existe a necessidade de uma experiência para quem vai implantar o jardim, Porém não existe a necessidade de no projeto estar contido informações básica de implantação, contudo, sempre que exista algo mais específico e que fuja do comum deve haver um detalhamento da situação para facilitar a compreensão de quem for implantar. É sempre recomendável implantar com quem projeta, pois na hora da implantação sempre ocorrem adaptações por motivos alheios a vontade do projetista, como grandes pedras ou tubulações não sinalizadas ou previstas, então por isso, é sempre legal checar se a empresa que está contratando realiza os dois serviços, até mesmo porque ninguém melhor para implantar um jardim realizando todas as adaptações necessárias do que quem projetou os efeitos que deseja que ele tenha depois de pronto.


Dessa forma, por mais que uma proposta de implantação de jardim sem projeto paisagístico pareça tentadora pelo atrativo financeiro, se questione que até mesmo uma casa pode ser construída sem um arquiteto, contudo mesmo quando você contrata um arquiteto ao longo do processo sempre existe a necessidade de adaptações e modificações e que por muitas vezes já geram dor de cabeça. Agora, o que dizer se você opta por construir uma casa sem projetá-la? Com o seu jardim não é diferente. Já dizia Albert Einstein "Falta de tempo é desculpa daqueles que perdem tempo por falta de planejamento."


Brandão Freire

Diretor e paisagista da Lánavaranda


Telefone: (71) 3161.2404 | 3161.2494

R. do Timbó, 262. Caminho das Árvores. Salvador – BA. CEP: 41820-660

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